Cirurgia Percutânea do Pé

Cirurgia percutânea ou minimamente invasiva do pé é uma técnica que permite a correção de deformidades e o tratamento da dor nos pés sem a necessidade de realizar grandes acessos (feridas) cirúrgicos. Geralmente são feitos pequenos orifícios na pele, de aproximadamente 2-3mm, por onde são introduzidos instrumentos para a realização das correções desejadas.

Devido à grande evolução desta técnica nas últimas duas décadas, suas indicações têm sido cada vez mais abrangentes, permitindo a correção de diversas patologias, principalmente na parte da frente do pé, como joanete, joanete do quinto, dedo em garra, sequelas de trauma, dentre outras.

Suas principais vantagens estão relacionadas a menor agressão cirúrgica e menor tempo operatório, o que diminui o risco de complicações, permite uma melhor cosmética, menor dor pós-operatória e uma recuperação mais rápida. Essas vantagens ganham ainda mais importância quando tratamos de pacientes com maior risco de complicações como diabéticos, portadores de insuficiência vascular (varizes), pacientes com neuropatias…

É necessária uma avaliação criteriosa para determinar a melhor indicação para cada paciente.

Prótese de Tornozelo

Até pouco tempo atrás, o tratamento mais indicado para artrose grave do tornozelo era a cirurgia de artrodese, quando se realiza uma fusão entre os ossos da articulação. Com isso, havia melhora da dor porém o paciente perdia o movimento do tornozelo.

Hoje em dia, em grande parte dos casos, realizamos a artroplastia do tornozelo, quando se faz a substituição da articulação doente (tornozelo com artrose) por uma articulação metálica (prótese de tornozelo). Neste tipo de tratamento obtemos a melhora da dor com a manutenção do movimento articular.

Este tipo de cirurgia já é realizada há muito tempo em outras articulações como quadril e joelho com excelentes resultados, melhorando significativamente a qualidade de vida de pacientes que sofrem com dor crônica.

É importante observar que, por se tratar de um procedimento complexo e que é realizado há relativamente pouco tempo no Brasil, torna-se fundamental procurar um profissional capacitado e com experiência neste tipo de cirurgia.

Você sabe andar?

Como diz o artigo publicado na revista Popular Science em 22/05/20, muitos ficarão surpresos ao ler que o simples ato de andar, algo que aprendemos a fazer no primeiro ano de vida, deve ser observado e, não raramente, melhorado em alguns aspectos.

Diversas variáveis influenciam a nossa forma de caminhar, como a posição da cabeça e dos ombros, o terreno em que andamos, o tipo de calçado que usamos e até a forma de amarrar os cadarços. Certas alterações nestas variáveis podem desequilibrar a marcha e causar problemas e dores não só nos pés como em outras partes do corpo, principalmente quando falamos em corrida ou caminhada como forma de exercício.

Procure um especialista. Você pode se surpreender tendo que reaprender a andar.

Já ouviu falar em Neuroma de Morton?

Neuroma de Morton é o espessamento de um nervo que passa entre os dedos do pé (nervo interdigital), causando dor na região plantar da parte da frente do pé, próximo aos dedos. Não se sabe ao certo o que leva à ocorrência deste espessamento do nervo. Acredita-se que fatores mecânicos que aumentem a pressão local (como o tipo de calçado ou o formato do pé) e trauma podem estar relacionados.

lsGeralmente, a dor é descrita como em queimação, choque, formigamento ou pontada, e é agravada com a deambulação, principalmente com o uso de calçados de salto alto e solado fino. É frequente o paciente relatar a sensação de um “estalo” local acompanhado de dor de forte intensidade, “como uma facada”.

Diversas medidas são usadas para tentar melhorar os sintomas de forma não operatória, como mudança nos tipos de calçado, uso de palmilhas e órteses específicas, fisioterapia, infiltração local, dentre outras. Porém, a maior parte dos pacientes não consegue alívio completo da dor e, nestes casos, está indicado o tratamento cirúrgico para retirada do neuroma.

 

“Tenho Pé Cavo. Preciso usar palmilha?”

O pé cavo, como é chamado o pé que possui um arco plantar acentuado, é causado, na maior parte das vezes, por algum problema neurológico. Em outros casos, não se encontra uma causa específica e estes são considerados idiopáticos (sem causa conhecida). Alguns especialistas acreditam que, em todos os casos, há algum tipo de alteração neurológica por trás desta deformidade, mesmo que esta alteração seja indetectável pelos métodos tradicionais de investigação clínica.

Quem possui pés cavos tem maior chance de desenvolver algum tipo de problema nos pés ao longo da vida. Os problemas mais frequentemente relacionados ao pé cavo são: dor na planta do pé; fratura por stress; instabilidade de tornozelo, levando a entorse de repetição; deformidade em “garra dos dedos”; entre outros. Nestes casos, está indicado algum tipo de tratamento, seja com medidas conservadoras, como uso de palmilha moldada e fisioterapia funcional, ou com cirurgia. Outra situação em que há necessidade de tratamento específico, é quando a deformidade está aumentando, mesmo que não haja sintomas.

Portanto, é importante procurar orientação profissional tanto para o tratamento quanto para a prevenção de problemas futuros.

Entendendo a lesão de Neymar

As fraturas dos ossos metatarsais (são 5 ao todo) são as mais comuns no pé, sendo a do 5° metatarso a que mais ocorre. Esta é relativamente frequente em atletas e tem como causa três principais mecanismos: trauma direto (como um “pisão” ou um chute no pé), trauma torcional (como o sofrido por Neymar) e sobrecarga mecânica (fratura de “stress”).

A região do 5° metatarso onde mais frequentemente ocorrem as fraturas é a mais próxima à base do osso, e esta é dividida em 3 zonas (Fig.1). As fraturas nas zonas II e III têm maior chance de evoluírem mal, pois esta é uma área de maior sobrecarga mecânica e relativamente mal vascularizada, o que gera um risco aumentado de não consolidação da fratura e permanência da dor. Por isso, em certos casos, estas fraturas têm indicação de tratamento cirúrgico. Quando falamos de atletas de alta performance, como é o caso do Neymar, a indicação de cirurgia ganha ainda mais espaço.

Na cirurgia realizada no camisa 10 da seleção, foi implantado um parafuso (como no exemplo da fig.3) com o objetivo de aumentar a estabilidade e, com isso, diminuir a chance de não consolidação e, principalmente, reduzir o período de imobilização e de restrição de carga. Desta forma, conseguimos minimizar a rigidez articular, o enfraquecimento ósseo e a atrofia da musculatura, permitindo assim uma reabilitação mais precoce. Além disso, foi colocado enxerto ósseo no local para estimular a consolidação da fratura.

Apesar dos benefícios gerados pelo tratamento cirúrgico, uma fratura leva em média 6 a 8 semanas para consolidar. Por isso, Neymar levará algum tempo para se recuperar. Acredito que este foi um dos motivos que fez com que a equipe médica, juntamente com o atleta, optassem pelo tratamento no Brasil, o que vai permitir sua recuperação próximo aos amigos e familiares.

 

Entorse de tornozelo

Entorse de tornozelo: a lesão mais comum no esporte.

A prática esportiva é a principal causa de lesões do aparelho locomotor. Nos dias de hoje, quando a atividade física está tão presente no nosso cotidiano, o número de lesões relacionadas ao esporte cresceu exponencialmente. Cada modalidade tem suas particularidades e riscos específicos. Porém, quando se faz um balanço geral, a lesão ortopédica mais frequente é a entorse de tornozelo.

Esta ocorre principalmente em esportes de grupo (como futebol, vôlei e basquete) e, se tratada de forma adequada, na maior parte dos casos tem boa evolução, permitindo o retorno às atividades prévias sem restrições. Porém, em 20% dos casos de entorse moderada a grave, o paciente pode evoluir com instabilidade crônica e entorse de repetição, o que vai limitar o retorno ao esporte no mesmo nível de antes.

Portanto, é fundamental que as lesões sejam tratadas corretamente, com o acompanhamento de profissional especializado, para evitar complicações e dificuldade de retorno à atividade. E a forma mais eficaz de evitar problemas é a prevenção.

Pratique atividade física com orientação profissional e tenha uma vida saudável!

Existe fratura por stress?

Existe sim e é mais comum do que se pensa.

Mas é claro que não é uma fratura causada por stress emocional e sim por uma sobrecarga continuada e repetitiva em determinado osso que leva a uma reação de stress local e, se continuada, a uma fratura.

Essas fraturas são mais comuns abaixo do joelho. Cerca de 80% acomete os ossos da perna, tornozelo e pé. Podem ocorrer em qualquer pessoa mas, por motivos óbvios, são mais comuns em atletas praticantes de esportes que envolvam impacto como corrida, futebol, basquete, ballet…

É comum a história de aumento da carga de treino ou mudança no seu padrão antes do início dos sintomas que se caracterizam por dor com a prática do exercício, edema e dor à palpação local. Algumas características da pessoa (pé cavo, discrepância de membros inferiores, variações na estrutura do pé…) e outras do treino (tipo de solo, calçado impróprio, técnica inadequada…) podem aumentar o risco de ocorrência de uma fratura por stress.

O tipo de tratamento vai depender do padrão e da localização da fratura, podendo variar desde simples mudanças nas atividades até imobilização do segmento afetado e, em casos mais graves, cirurgia.

Cuidado ao puxar seu filho pelo braço!

Você sabe o que é “pronação dolorosa”?

Pronação dolorosa é uma lesão que ocorre em crianças de 1 a 5 anos de idade, com pico entre 2 e 3 anos, na qual há um deslocamento parcial de um ligamento do cotovelo, causando dor e limitação do movimento. Isso acontece, geralmente, quando a criança é puxada pelo braço, seja para evitar uma queda ou durante uma brincadeira. O resultado é que a criança sente dor no cotovelo que a impede de movimentá-lo.

Pronacao dolorosa - Cópia (5)O tratamento consiste em colocar o ligamento novamente no lugar através de uma manipulação do cotovelo realizada pelo ortopedista. Imediatamente após a manobra, a criança volta a mexer o cotovelo sem dor. Em alguns casos, o ligamento pode sofrer uma pequena lesão e a criança continuar a sentir dor mesmo após este voltar para o lugar. Nesses casos, é necessário um pequeno período de imobilização (5 a 7 dias).

O mais importante é que se tenha cuidado ao levantar seu filho, durante uma brincadeira ou ao atravessar a rua, por exemplo, para evitar que isso aconteça. E, caso ocorra, esteja atento para observar e levá-lo o mais rápido possível ao ortopedista.

Corrida é a principal causa de Tendinite do Aquiles.

A tendinite do Aquiles é uma inflamação que ocorre no tendão calcâneo (tendão de Aquiles), causando dor na parte de trás do tornozelo, muito frequente em atletas e não atletas praticantes de exercícios que envolvam impacto. O esporte mais frequentemente associado à disfunção do tendão de Aquiles é a corrida, mas outros exercícios também são relacionados, como os que envolvem salto, por exemplo. Cerca de 11-18% dos atletas sofrem com algum tipo de problema no tendão de Aquiles. A causa desses problemas parece estar associada à sobrecarga deste tendão (“overuse”); problemas posturais com a pisada (pisada pronada, pé cavovaro…); treinamento em pisos inapropriados (superfície muito dura, irregular, inclinada…); uso de calçado inadequado; erros na adequação do treinamento (intensidade, duração, distância…); entre outros.FootInsideachille's

Os pacientes se queixam de dor na região do tendão de Aquiles principalmente nos primeiros movimentos ao acordar pela manhã. A dor pode melhorar ao longo do dia e, em geral, volta a incomodar com a atividade física. Os sintomas geralmente são mais evidentes no dia seguinte da prática esportiva.

O tratamento inicial pode incluir o uso de medicamentos, fisioterapia, mudança nas atividades, imobilização, mudança nos tipos de calçado, entre outras medidas. Na falha do tratamento conservador, pode ser indicado o tratamento cirúrgico.

Porém, a medida mais importante é a prevenção. Deve-se manter a musculatura sempre bem fortalecida e alongada, treinar em terrenos apropriados usando calçados adequados e criar programas de treinamento compatíveis com o seu perfil.

Para maiores esclarecimentos, procure um especialista.