Entendendo a lesão de Neymar

As fraturas dos ossos metatarsais (são 5 ao todo) são as mais comuns no pé, sendo a do 5° metatarso a que mais ocorre. Esta é relativamente frequente em atletas e tem como causa três principais mecanismos: trauma direto (como um “pisão” ou um chute no pé), trauma torcional (como o sofrido por Neymar) e sobrecarga mecânica (fratura de “stress”).

A região do 5° metatarso onde mais frequentemente ocorrem as fraturas é a mais próxima à base do osso, e esta é dividida em 3 zonas (Fig.1). As fraturas nas zonas II e III têm maior chance de evoluírem mal, pois esta é uma área de maior sobrecarga mecânica e relativamente mal vascularizada, o que gera um risco aumentado de não consolidação da fratura e permanência da dor. Por isso, em certos casos, estas fraturas têm indicação de tratamento cirúrgico. Quando falamos de atletas de alta performance, como é o caso do Neymar, a indicação de cirurgia ganha ainda mais espaço.

Na cirurgia realizada no camisa 10 da seleção, foi implantado um parafuso (como no exemplo da fig.3) com o objetivo de aumentar a estabilidade e, com isso, diminuir a chance de não consolidação e, principalmente, reduzir o período de imobilização e de restrição de carga. Desta forma, conseguimos minimizar a rigidez articular, o enfraquecimento ósseo e a atrofia da musculatura, permitindo assim uma reabilitação mais precoce. Além disso, foi colocado enxerto ósseo no local para estimular a consolidação da fratura.

Apesar dos benefícios gerados pelo tratamento cirúrgico, uma fratura leva em média 6 a 8 semanas para consolidar. Por isso, Neymar levará algum tempo para se recuperar. Acredito que este foi um dos motivos que fez com que a equipe médica, juntamente com o atleta, optassem pelo tratamento no Brasil, o que vai permitir sua recuperação próximo aos amigos e familiares.

 

Entorse de tornozelo

Entorse de tornozelo: a lesão mais comum no esporte.

A prática esportiva é a principal causa de lesões do aparelho locomotor. Nos dias de hoje, quando a atividade física está tão presente no nosso cotidiano, o número de lesões relacionadas ao esporte cresceu exponencialmente. Cada modalidade tem suas particularidades e riscos específicos. Porém, quando se faz um balanço geral, a lesão ortopédica mais frequente é a entorse de tornozelo.

Esta ocorre principalmente em esportes de grupo (como futebol, vôlei e basquete) e, se tratada de forma adequada, na maior parte dos casos tem boa evolução, permitindo o retorno às atividades prévias sem restrições. Porém, em 20% dos casos de entorse moderada a grave, o paciente pode evoluir com instabilidade crônica e entorse de repetição, o que vai limitar o retorno ao esporte no mesmo nível de antes.

Portanto, é fundamental que as lesões sejam tratadas corretamente, com o acompanhamento de profissional especializado, para evitar complicações e dificuldade de retorno à atividade. E a forma mais eficaz de evitar problemas é a prevenção.

Pratique atividade física com orientação profissional e tenha uma vida saudável!

O “pé chato” precisa de tratamento?

Para responder essa pergunta, inicialmente devemos separar o pé chato da criança e o do adulto.

O pé chato, tecnicamente conhecido como pé plano, é visto frequentemente em crianças que estão começando a andar e, na maior parte das vezes, faz parte do desenvolvimento normal da infância, resolvendo-se por volta dos 7 a 9 anos de idade, com a formação do cavo do pé. Outras vezes, o cavo do pé pode não se formar e a pessoa terá o pé chato durante a vida adulta. O que, isoladamente, não é um problema. Quase todos terão vida normal sem qualquer queixa nos pés.

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Então quando preciso me preocupar?

Na infância, quando o pé chato estiver associado a queixas de dor nos pés, ou se a deformidade for muito acentuada e diferente entre os dois pés (se um for muito mais chato do que o outro), deve-se procurar orientação de um especialista. Já nos adultos, o que deve ser observado, além da presença de dor, é se a deformidade está se acentuando ou se um pé que era normal está ficando chato. Nesses casos, é importante consultar um ortopedista.

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“Joanete”: calçado é o grande vilão.

O”Joanete”, tecnicamente conhecido como Hálux Valgo, acomete aproximadamente 2-4% da população. A herança genética está presente na maioria dos casos, principalmente oriunda do lado materno, e a deformidade acomete os dois pés em 84% dos casos. O número de mulheres que procura o ortopedista com essa queixa é 15 vezes maior do que o de homens, possivelmente por certas características presentes nos calçados femininos como salto alto e bico fino, por exemplo. A baixa incidência na população indígena, fortalece a hipótese do calçado ser o grande vilão.

joaneteNormalmente, o paciente chega ao consultório queixando-se de uma proeminência dolorosa no lado interno do pé, próxima ao “dedão” (hálux), que dificulta o uso de calçados fechados. Em casos mais graves, o desvio acentuado do “dedão” pode deformar também os dedos menores.

O tratamento não operatório do “Joanete” consiste, principalmente, em mudança nos tipos de calçados. Outras medidas para controle da dor, como medicamentos e fisioterapia, também são utilizadas com frequência. Nos casos em que a dor não melhora com as medidas conservadoras ou a deformidade está progredindo, é indicado o tratamento cirúrgico. Existem mais de 200 técnicas operatórias descritas, sendo selecionadas de acordo com cada caso e com a preferência do cirurgião.

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“Esporão de calcâneo” pode afetar a qualidade de vida.

Dez por cento da população irá apresentar, em algum momento da vida, sintomas de fasciite plantar, popularmente conhecida como “esporão de calcâneo”. Dentre eles, destaca-se a dor, ao pisar pela manhã, na região plantar da face interna do calcanhar. O desconforto melhora após algum tempo em pé e piora com longas caminhadas ou corrida. Como o nome sugere, trata-se de uma inflamação na fáscia plantar, uma estrutura fibrosa que se origina no calcâneo e vai até os dedos, funcionando como uma corda de arco (Fig.).

Fascia plantar

Os principais fatores de risco para o desenvolvimento desta patologia são: sobrepeso; discrepância de membros inferiores; pé chato, pé cavo, trauma prévio no calcanhar; uso de calçado inadequado; padrão indevido de corrida.

A fasciite plantar tende a melhorar espontaneamente com a consequente diminuição das atividades causada pela dor. Porém, algumas vezes, é mais difícil o controle, podendo tornar-se crônica e trazer incapacidade funcional, afetando a qualidade de vida.

As medidas mais frequentemente utilizadas no tratamento da fasciite são: repouso, gelo ou calor local, uso de antiinflamatórios (AINEs), alongamento plantar, uso de calçado com salto de 2-3 cm, splint noturno, infiltração local de corticóide e terapia de ondas de choque (TOC). O tratamento cirúrgico é raramente indicado.

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